Se você tem mais de 30 anos, certamente ouviu de seus pais a frase ”não converse com estranhos e nem aceite nada de quem você não conhece!”.
Tudo parecia bem mais simples. Com a mudança promovida pelo advento da internet, cada vez mais, desde então, crianças e adolescente passam muito mais tempo em redes sociais do que socializando presencialmente. Isso significa que o perigo pode estar dentro de casa.
Os benefícios da internet são incontáveis, mas é preciso que as crianças e jovens saibam como ela funciona para terem chance de se livrarem de riscos ou detectarem possíveis crimes digitais e contarem aos pais, professores, enfim, alguém que possa ajuda-las.
Assim como todos os cidadãos de “bem”, também os criminosos estão na rede mundial de computadores e, acreditem, a utilizam muito bem e com propriedade. Propriedade que não fornecemos aos nossos pequenos.
O crime de estupro virtual, que pode ocorrer, por exemplo, quando o criminoso utiliza uma rede social digital para, por meio dela (whatsapp, telegram, instagram, facebook, etc.), ameaçar, intimidar, constranger e obrigar outra pessoa a se despir na frente de uma webcam, forçando que a realize os desejos sexuais do chantagista.
Essa modalidade de crime vem crescendo no Brasil e está prevista no Código Penal.
Em 2009, o documento passou por alterações e o artigo 213, ampliou o conceito de estupro, que passou a ser definido como: “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.
O estupro virtual se enquadra nos trechos “constranger alguém mediante grave ameaça” e “a praticar outro ato libidinoso”.
Como evitar que crianças e jovens caiam nessas armadilhas?
Nas escolas: por meio da educação midiática. Se os alunos forem ensinados sobre o funcionamento da internet, abrangência de tudo o que é postado, sobre as bolhas em que estão mergulhadas por ação de algoritmos e, principalmente, que há informações, vídeos, áudios e imagens falsas em larga escala nas redes sociais, certamente deixarão de ser alvo fácil de criminosos virtuais.
Por meio da educação midiática, serão orientadas literalmente a “não falar com estranhos” e a não acreditarem em tudo o que chega a elas, ainda que vindo de pessoas teoricamente conhecidas. Se a criança não conhece pessoalmente o interlocutor, ela não o conhece. E ela precisa compreender isso.
A educação midiática é forte aliada na conscientização de crianças e jovens sobre a necessidade de privacidade e segurança online, e alerta sobre os riscos de compartilhar dados pessoais, fotos, vídeos, ou áudios, além de incentivar, por exemplo, a configurações de privacidade adequadas.
Também por meio da educação midiática é possível fornecer aos pequenos estratégias de combate ao cyberbullying ou mesmo ensiná-los a detectar quando um coleguinha pode estar sendo vítima de ataques ou crimes virtuais.
Além disso, é possível criar uma rede de apoio de combate aos crimes virtuais e ao próprio ciberbullying.
Em casa: os pais podem acompanhar de perto o que os filhos acessam na internet, adotando algumas práticas de controle, obviamente respeitando a privacidade e individualidade dos pequenos.
Também é primordial desenvolver uma relação de confiança com os filhos desde muito cedo, a fim de que as crianças e adolescentes sintam-se à vontade para relatarem quando sentirem-se ameaçados, desconfortáveis ou constrangidos em qualquer situação.
Geralmente, quem passa a sofrer ameaças ou bullying muda seu comportamento. Se os pais observarem seus filhos, perceberão algo errado. Haverá mudança de comportamento. Entre essas mudanças, destacam-se:
– Isolamento
– Desenvolvimento de medo e ansiedade
– Comportamento hostil e agressivo
– Depressão
– Sentimentos de culpa e vergonha
Esses casos devem ser denunciados e as vítimas precisam ser direcionas a profissionais como um psicólogo, por exemplo.
Quer saber mais sobre educação midiática, que também pode ser levada aos pais?
Conheça nossas formações e palestras sobre o tema. Entre em contato conosco.