Na sociedade, há crenças e mitos equivocados sobre os alunos mais talentosos. Os estereótipos a respeito dos superdotados estão tão profundamente enraizados, por fazerem parte do pensamento popular, que fica até difícil a rápida detecção de uma criança que se encaixa nas características de superdotada até mesmo dentro da escola.
De acordo com o MEC, estudantes de alta capacidade são alunos com necessidades educacionais especiais, mas, na maioria dos casos, não são tratados como tais. A crença de que estudantes avançados não precisam de nenhuma intervenção está longe da realidade e afeta negativamente a vida acadêmica e pessoal do aluno.
Nas salas de aula, existe uma porcentagem relevante de crianças superdotadas que, além de não serem detectadas, não recebem a atenção devida durante o processo ensino-aprendizagem. No Brasil, estima-se que existam 2,5 milhões estudantes com alta capacidade intelectual, mas apenas 11 mil foram identificados no Censo 2010, segundo a TV Câmara.
Se não são detectadas, essas crianças veem suas necessidades pouco ou mal cobertas. Jovens superdotados precisam de atividades educacionais adequadas às suas habilidades, sob o risco de sentirem-se desestimulados, apáticos e infelizes na escola.
Mito 1: pensa-se em crianças com alta capacidade intelectual como seres insociáveis, com “ar estranho”, mal adaptadas ao meio ambiente e aos demais.
Mas a realidade é que eles são um grupo muito heterogêneo e, como outros meninos e meninas, sua personalidade e experiências marcarão as diferenças interpessoais.
Mito 2: são crianças emocionalmente instáveis.
Quando falamos de crianças com habilidades elevadas, não podemos deixar de considerar sua grande sensibilidade. São crianças que percebem e vivem muito intensamente o mundo ao seu redor e, no ambiente escolar, tornam-se especialmente vulneráveis.
Mito 3: são crianças que fazem tudo certo, são perfeitas.
Podem ser crianças brilhantes em alguns aspectos, mas a maioria se destaca em uma ou duas áreas, com uma evolução normal ou mesmo menor em outras áreas. Assim, não podem e não devem ser altamente cobradas o tempo todo, já que são crianças como as outras e, como tal, têm também, deficiências.
Mito 4: têm recursos para tudo, não precisam de ajuda.
Mentira! Crianças com alta capacidade, assim como as demais, precisam de apoio, orientação e ajuda. Elas também podem apresentar dificuldade em estudar e, muitas vezes, falhar devido à baixa motivação.
Mito 5: sempre ficam entediadas e têm problemas de relacionamento na escola.
Crianças superdotadas ficam entediadas como qualquer criança de sua idade, mas o tédio se acentua especialmente se as metas não correspondem às suas capacidades e interesses. Elas podem, inclusive, sofrer retrocesso como qualquer outro aluno.
Mito 6: tiram notas muito boas e sempre se destacam.
Como qualquer pessoa, crianças com capacidades elevadas gostam de se destacar quando a tarefa é interessante e estimulante para ela, mas, ainda assim, não é garantia de que o resultado de sua atividade seja um sucesso. Mesmo quem tem capacidades elevadas, mas não se esforça, não é constante ou perseverante, pode também falhar no que pretende desenvolver.
Mito 7: suas habilidades são inatas, estáticas e fixas.
As de todos os seres humanos estão enraizadas e podem ser desenvolvidas. Todos nascem com habilidades inatas que, se não trabalhadas, se perdem.
Mito 8: uma pessoa com um QI acima de 130 é superdotada
Atualmente, este não é um critério válido para estabelecer um diagnóstico superdotado. As tendências teóricas atuais levam a um modelo mais integrador da pessoa. Para estabelecer um diagnóstico mais assertivo, há necessidade de avaliar outros aspectos como a personalidade, o desenvolvimento que teve até o momento da avaliação, a criatividade, o estado emocional e motivacional e, também, a esfera familiar e social.
Diante de tudo o que foi exposto, fica claro que os professores, que são os indivíduos dentro da escola mais próximos às crianças, têm responsabilidade em observar os alunos e, ao avaliar que algum deles tem características muito diferenciadas dos demais, tanto para mais como para menos, deve alertar a coordenação da instituição de ensino, bem como os pais.
Todos somos diferentes uns dos outros, e as características de cada um precisam ser respeitadas, estimuladas e impulsionadas, sobretudo na escola.