O jogo “Baleia Azul” pode chegar a qualquer criança ou adolescente por meio de várias redes sociais, inclusive pelo WhatsApp.
O mais grave é que está longe de ser uma brincadeira… Por meio de desafios impostos aos participantes, tenta levá-los ao suicídio.
O jogo não é novo: surgiu na Rússia em 2015, com textos de incentivo ao suicídio, divulgados em uma rede social daquele país. No Brasil, a “epidemia online” é mais recente, e a polícia investiga casos de jovens que tiraram a própria vida em virtude dele em pelo menos oito estados.
A preocupação em torno do tema é crescente, tanto que uma proposta para discutir o jogo “Baleia Azul” foi aprovada pela Câmara dos Deputados, a partir de um requerimento de Sandro Alex (PSD-PR).
A reunião, ainda sem data para definida, será realizada na Comissão de Ciência e Tecnologia e deve contar com um representante da Unicef, Facebook e de um Youtuber que fez um post sobre o assunto.
Embora muitas pessoas estejam falando sobre o assunto, são raras as discussões abertas com as crianças em ambiente escolar. Há casos até de professores que não entenderam a importância deles no combate a esse mal.
A escola e os educadores têm grande poder influenciador e devem usá-lo para evitar que os alunos embarquem nessa canoa furada.
Professores, coordenadores e gestores devem permanecer atentos ao comportamento das crianças e adolescentes. Em geral, os que passam a ser “manipulados” por esse jogo, tendem a agir de forma diferente do usual.
Caso ingresse no jogo, a criança apresentará alterações negativas no comportamento, desempenho escolar, sofrerá diminuição do apetite (e com isso perderá peso), irá se distanciar gradualmente dos coleguinhas e até mesmo poderá ter crises de choro repentinas.
Escola e professores precisam descobrir formas de estimular a confiança mútua e entre os estudantes, criando uma rede de apoio.
O ideal é que crianças e jovens percebam claramente a diferença entre delação e denúncia. A denúncia é um canal de ajuda aos que foram envolvidas pelo jogo “Baleia Azul” e não conseguem mais sair dele, necessitando, portanto, de auxílio externo, de um adulto. É preciso ficar claro que quem fizer a denúncia, em casos desse tipo, estará salvando a vida do colega.
A escola deve apontar, por meio de palestras, debates e rodas de conversas, que em situações extremas é preciso acionar um adulto, um professor, por exemplo. Nessas ocasiões, todas as dúvidas que os estudantes têm sobre o jogo devem ser esclarecidas.
Função da Escola
Caso a escola localize alunos que estejam participando do desafio ou que iniciaram diálogo com grupos que estejam conversando sobre o tema, deve intervir de forma positiva imediatamente, discutindo com esses estudantes o assunto, os riscos e as consequências de permanecer nele.
Se forem levados a conversar sobre o jogo sem sofrerem recriminação, certamente os alunos envolvidos pelo “Baleia Azul” irão repensar a vontade de participar ou não dele. Por isso é importante que, durante a conversa, os educadores não apresentem julgamentos ou juízo de valor.
A escuta, por parte dos professores e gestores, precisa ser empática e levar em consideração o que esses estudantes estão sentindo, ou seja, a angústia que vivenciam, a pressão do jogo e o fato de estarem arriscando suas vidas de forma insana. Infelizmente, ao se deparar com problemas e angústias dos jovens, muitos adultos as diminuem ou menosprezam. Isso não pode ocorrer em nenhuma situação e nessa menos ainda.
Assim que identificar casos, a escola tem o dever de avisar pais ou responsáveis. Essa comunicação precisa ser feita pessoalmente, listando-se as alterações de comportamento verificadas pela escola, informando o que está sendo feito e fornecer informações aos pais sobre o tema, apontando sua gravidade.
É essencial que a escola reforce que o diálogo com escuta atenta é indispensável ao jovem, ao invés de críticas, broncas ou retaliação.
Em casos mais extremos, deve-se orientar os pais a procurarem ajuda especializada em postos de saúde e nos CAPS – Centros de Atenção Psicossocial.
Como funciona o “jogo”
Os jovens são adicionados a grupos em redes sociais e, após fazer um pacto com os curadores (instrutores) do “Baleia Azul”, passam a receber desafios pelas redes sociais.
De início, são missões relativamente simples, porém os 50 desafios vão tornando-se gradativamente cada vez mais perigosos, culminando com o desafio de o jovem tirar a própria vida.
Quem tenta desfazer o pacto e parar de jogar sofre ameaças graves (inclusive de assassinato da família dele). Por isso é preciso que nossas crianças sejam alertadas sobre o mal que é essa “brincadeira” antes que caiam nela. E se já estiverem no jogo, que saibam que os adultos à sua volta estão totalmente dispostos e preparados para ajudá-las.